Olá meninas, tudo bem?
Da Série “Patchwork Descomplicado” :
O QUE SIGNIFICA “PATCHWORK”, “QUILT” E “QUILTING”?
Patchwork é uma palavra de origem inglesa, traduzindo:
- Patch: retalhos de tecidos, remendos ou peças. Também chamado de piece.
- Work: trabalho.
- Patch: retalhos de tecidos, remendos ou peças. Também chamado de piece.
- Work: trabalho.
Patchwork significa, assim, o trabalho feito a partir de retalhos de tecidos, unidos por meio de técnicas diversas, criando-se vários tipos de desenhos/padronagem.
Em outras palavras, o patchwork é o processo de costurar unindo pedaços (pieces) de tecidos para formar uma peça maior (blocos).
Repetindo-se a sequência de costurar vários blocos (iguais ou diferentes), alcançaremos uma peça maior ainda. Essa peça (contendo vários desenhos em blocos costurados) é conhecida por TOPO (tampo) do quilt.
Ao colocar este topo sobre a manta e o forro, formamos um sanduíche de 3 camadas, denominado quilt.
Quilt é o trabalho finalizado e pronto, composto pelas 3 camadas: topo, manta/enchimento e forro. São colchas, cobre-leitos, almofadas, mantas para sofá, panôs, trilhos de mesa, toalhas e etc… Na foto acima, temos um quilt (colcha).
Quilting é o ato de bordar, à mão ou à máquina, cuja finalidade é unir as 3 camadas de um quilt (topo, manta e forro), além de enriquecer e embelezar o trabalho. A arte de quiltar pode ser feito de duas maneiras:
a) matelassê: é o quilting reto. Nele, obtêm-se quadrados ou losangos. Utiliza-se o walking-foot;
b) free motion quilting ou quilting livre: essa é a forma livre de quiltar. Para tanto, abaixamos os “dentinhos” da máquina e substituímos o seu pé pelo calcador chamado big foot. Isso lhe permitirá uma grande mobilidade para deslizar seu trabalho, formando desenhos. Essa técnica de quiltar é mais complexa e exige muito treino.
Existem professoras-quilters, cujos trabalhos já foram premiados, como Márcia Baraldi, que ministram workshops ensinando o free motion –http://www.marciabaraldi.com.br. No ano passado, fui aluna de Márcia e posso relatar: a professora é maravilhosa, profunda conhecedora da técnica, com excelente didática em sala de aula. Apesar de ainda precisar treinar muiiitoooo, eu amei quiltar! É uma delícia! Como uma dança!
Existem professoras-quilters, cujos trabalhos já foram premiados, como Márcia Baraldi, que ministram workshops ensinando o free motion –http://www.marciabaraldi.com.br. No ano passado, fui aluna de Márcia e posso relatar: a professora é maravilhosa, profunda conhecedora da técnica, com excelente didática em sala de aula. Apesar de ainda precisar treinar muiiitoooo, eu amei quiltar! É uma delícia! Como uma dança!
UM POUCO DA HISTÓRIA DO PATCHWORK
O trabalho manual sempre esteve presente no dia-a-dia dos povos desde seus primórdios. Por meio do artesanato, verificamos as tradições e os costumes regionais de uma época e localidade.
A origem do patchwork e quilt é muito antiga. Existem registros desde 3400 a.C. Sua história nos mostra que a costura e os bordados já estavam presentes nas antigas civilizações do Egito, Pérsia, Índia e China, verificados, principalmente, nos acolchoados (quilts) encontrados nas tumbas de reis e rainhas dessa época, bem como nos desenhos registrados nas pirâmides com faraós usando uma vestimenta similar ao patchwork.
Mas, foi na Europa Ocidental (Inglaterra, Alemanha, França e Itália), durante o século XVI (Cruzadas), que o trabalho do patchwork se desenvolveu mais fortemente. As roupas utilizadas por soldados embaixo das armaduras de ferro eram feitas com restos de tecidos. Nessa época, verifica-se que o patchwork tinha um caráter somente utilitário: ou para se usar como roupa ou para se proteger do frio intenso (colchas ou cobertores).
Fugindo das perseguições religiosas que sofriam na Europa, em meados do século XVII, os peregrinos e imigrantes ingleses colonizaram e desbravaram a América do Norte, levando, nas malas, para o Novo Mundo, suas colchas (seus quilts) e a tradição familiar do patchwork.
Estes colonizadores eram extremamente rígidos com suas esposas. Eles somente lhes permitiam sair de casa em 2 situações: para irem à igreja ou para irem às reuniões de quilteiras, chamadas de quilting bees.
Os homens dessa época acreditavam que, se suas mulheres estivessem sempre com “as mãos ocupadas” fazendo colchas, não haveria espaço para maus pensamentos em suas cabeças.
Foi nesse momento da história que o patchwork foi difundido como uma técnica artesanal eminentemente feminina e de tradição familiar, pois as quilting beeseram a única forma de socialização dessas mulheres. Elas passavam horas e horas juntas, conversando, debatendo e transformando os encontros em momentos longos e duradouros de liberdade de expressão, já que a figura masculina não estava presente.
Como as quilteiras permaneciam muitas horas em reunião, a técnica do patchworkcomeçou a ganhar aperfeiçoamentos. Cada vez que se encontravam, essas mulheres não queriam somente costurar uma simples colcha de retalhos, mas também começavam a estudar e a criar novas técnicas de desenhos e padronagens. Tudo isso para que os trabalhos demorassem mais tempo para finalizar, proporcionando mais horas de socialização das mulheres nas quilting bees.
Os quilts (as colchas) resultantes dessas reuniões expressavam todos os sentimentos mais íntimos, os desejos, as angústias e posições políticas dessas mulheres. Assim, aos poucos, o patchwork e o quilt passaram a ter, além do caráter utilitário que já possuíam, também o caráter decorativo e ornamental.
Os quilts eram considerados um retrato da alma dessas mulheres.
Este período da história do patchwork é marcado pela intensa tradição familiar. As técnicas eram transmitidas das avós e mães para suas descendentes desde a infância.
As meninas, antes mesmo de completarem seus 7 aninhos, já eram apresentadas às linhas e costuras. Era comum uma criança aprender a costurar ainda na infância. E, para se casarem, as moças faziam 12 quilts (colchas), uma para cada mês do ano. Já os meninos, ao completarem 21 anos, ganhavam de presente uma colcha (feita pelas mulheres da família), para representar a sua nova liberdade.
Em 1846, com a invenção da primeira máquina de costura doméstica, o patchworkpassou a ser feito também à máquina.
Mas foi no período das grandes guerras mundiais que ocorreu um significativodeclínio na tradição do patchwork. A técnica foi deixada de lado e quase esquecida, pois as mulheres se viram obrigadas a sair para trabalhar fora, enquanto seus maridos iam para a guerra, não sobrando mais tempo para os trabalhos dequit. Há relatos que a técnica quase desapareceu.
Porém, na década de 70, o movimento hippie trouxe de volta a característica artesanal para suas roupas. Aí, não deu outra! O patchwork e o quilt retornaramcom força total. Ufa! A partir deste momento, o mundo patchworkeiro veio para ficar.
Em 1978, a indústria criou materiais e instrumentos facilitadores do trabalho artesanal, como o cortador rotatório, a placa de base e as réguas. Posteriormente, grandes indústrias têxteis também passaram a investiram em tecidos com estampas especiais, visando comercializar para este público. Livros e revistas, contendo infinidades de moldes, começaram a ser publicados.
Hoje, o patchwork é considerado um patrimônio cultural dos Estados Unidos, pois, mesmo sua origem não tendo sido nesse país, foi lá que se desenvolveu intensamente. Lá, existem vários museus, exposições, festivais e cursos realizados anualmente. O que nos faz concluir que, atualmente, o patchwork não é somente um simples trabalho artesanal, mas, com toda a certeza, trata-se de umaverdadeira arte, que movimenta bilhões de dólares por ano.
No Brasil, o patchwork só foi conhecido a partir da imigração dos italianos, alemães, ingleses e americanos. Foi durante a escravidão que surgiram os fuxicos, conhecidos como patchwork brasileiro.
A partir da década de 80, vários ateliês brasileiros foram inaugurados com aulas ensinando as técnicas do patchwork e do quilt. Os dois principais interesses que impulsionavam as mulheres a procurar essas escolas eram a busca de um bem estar pessoal (como forma de terapia) e também uma fonte de renda alternativa.
Atualmente, o patchwork e o quilt estão, cada vez mais, ganhando novas adeptas. E, confesso: quanto mais se conhece do seu mundo, mais difícil torna-se sair dele.
O patchwork é pura magia, é terapêutico, é recompensador, tornam as pessoas mais sociáveis, elevando sua autoestima. A interação das amantes deste trabalho vai além das fronteiras do seu país, e, com a ajuda da internet, é possível se identificar com “patchworkeiras” e “quilteiras” do mundo todo. E isso é bom demais!
O patchwork é pura magia, é terapêutico, é recompensador, tornam as pessoas mais sociáveis, elevando sua autoestima. A interação das amantes deste trabalho vai além das fronteiras do seu país, e, com a ajuda da internet, é possível se identificar com “patchworkeiras” e “quilteiras” do mundo todo. E isso é bom demais!
CURIOSIDADE:
Você sabe quem foi Jane Stickle?
Você sabe quem foi Jane Stickle?
Jane Stickle viveu em Vermont (EUA), durante a Guerra Civil Americana. Ela costurou uma das colchas mais famosas do mundo. E assim se tornou, principalmente, porque ela, ao terminar seu quilt em 1863, surpreendendo a todos,assinou o projeto, fato bastante incomum naquele período.
A geometria dos 169 blocos da colcha de Jane chamou a atenção de uma professora de matemática Brenda M Papadakis que passou a pesquisar, enlouquecidamente, por 5 anos, tudo sobre a vida e a época em que ela viveu, e batizou a colcha comoDEAR JANE e as réplicas de Baby Jane. No ano passado, a colcha Dear Jane completou o seu 150 º aniversário da criação. Até hoje, seus 169 blocos são estudados e reproduzidos por quilters do mundo inteiro. -www.benningtonbanner.com/news/ci_23930926/150th-anniversary-jane-stickle-quilt-exhibit-opens-next.
DIFERENÇAS ENTRE PATCHWORK ARTÍSTICO,
PATCHWORK TÉCNICO/TRADICIONAL
E PATCHWORK MODERNO?
PATCHWORK TÉCNICO/TRADICIONAL
E PATCHWORK MODERNO?
Em São Paulo, o movimento do modern quilt foi trazido por Fá Giandoso e outrasquilters. É possível acompanhar pelo blog:http://www.spmodernquiltguild.blogspot.com.br/
PRINCIPAIS NOMENCLATURAS
Glossário
Glossário
As nomenclaturas relacionadas aqui se referem principalmente aos assuntos tratados neste primeiro artigo. A cada artigo do “Patchwork Descomplicado” haverá um glossário a que a ele se refere. Então, vamos lá…. as nomenclaturas de hoje são:
Alinhavo ou Basting – são pontos grandes costurados em todo o quilt somente com a finalidade de prender temporariamente as 3 camadas: topo, manta e forro.
Appliqué (Aplicação ou Patch-apliqué) – é uma técnica em que se formam desenhos com os retalhinhos de tecido sobre um fundo, utilizando-se papéis termocolantes especiais e bordados, à mão ou à máquina, para dar acabamento.
Assinatura ou Etiqueta – é a escrita, à mão ou bordada, da quilter responsável pela colcha, num retângulo de tecido de 8×11 cm, em que constam os seguintes dados: nome do trabalho, data, dedicatória (opcional) e técnica utilizada. Esta etiqueta é costurada ao forro do quilt.
Background (fundo) – é o tecido que servirá como fundo.
Backing – é o forro de um quilt (sua parte de trás).
Batting – é a manta ou enchimento que compõe um quilt.
Binding – é o acabamento feito em tiras nas extremidades de uma colcha, nos cantos do quilt (canto mitrado, cego ou em curva).
Big Foot (grande pé) – é o calcador colocado no lugar do pé tradicional da máquina que possibilita o quilt livre ou free motion.
Block (bloco) – são criados a partir da costura de retalhos de tecidos. É a unidade básica do topo de uma colcha. Podem ser quadrados, retangulares e também em formato circular. Os blocos recebem o nome de acordo com o lugar e a época em que foram criados.
BOM ou Block Of the Month – é o chamado Bloco do mês.
Borders – são as bordas ou barras de um quilt – são aquelas tiras de tecido que representam uma moldura ao projeto.
DIY ou Do It Yourself – Faça você mesma.
Eletric Quilt (EQ) – é um programa de computador (software) de design de quilt. Permite que uma quilter desenhe sua colcha (com os blocos e bordas) no computador. Encontra-se na versão “Eletric Quilt 7”: http://electricquilt.com/.
Embroidery – é bordado.
Fabric – significa tecidos.
Free motion ou freehand quilting – é o quilt livre. Neste tipo de quilting, a quilter guia a direção da costura, formando vários desenhos, de maneira livre (stipling ou meandering). Para tanto, utiliza-se o calcador big foot e baixam-se os dentinhos da máquina.
Matelassê – é o quilt reto, formando quadrados ou losangos. Também chamado de Cross-hatching.
Ourela- é a borda lateral do tecido no sentido do comprimento, em que está gravado o nome do fabricante e a coleção.
PAP – é o passo a passo (a receita) de um projeto. Pode ser chamado também de Tutorial, Patterns ou SBS (step by step)
Patchwork (ou piecework) – é o processo de unir (costurar) pequenos retalhos de tecido.
Patch (piece) – é o pedacinho de tecido que vai ser costurado a outro para formar um bloco.
Quilt – é a sobreposição do topo, enchimento/manta e o forro. É o acolchoado que possui essas 3 camadas juntas.
Quilting – é o ato de quiltar. É todo o processo de costurar a mão ou à máquina as 3 camadas do quilt (topo, enchimento e forro), com dupla finalidade: uni-las e embelezar o trabalho.
Sanduíche – é o nome que se dá para a união das 3 camadas de um quilt (topo, manta e forro).
Topo – (tampo) é a parte de cima de um quilt. Nele, são construídos os blocos. Representa a parte decorativa e ornamental da colcha, onde estão os desenhos e padronagens.
UFO ou UnFinished Object – são aqueles projetos que iniciados não foram finalizados.
WIP ou Work In Progress – significa que algum novo projeto está em andamento, está sendo executado.
Meninas, chegamos ao final deste primeiro artigo. A intenção é unir e condensar aqui as principais ideias e fundamentos do patchwork, sem esgotar o assunto.
Espero que tenham gostado!
Um grande beijo a todas, e até o segundo artigo da série: “Patchwork Descomplicado”
Um grande beijo a todas, e até o segundo artigo da série: “Patchwork Descomplicado”
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